"- Vou-te tocar o Ave-Maria de Schubert.
A mão corria-lhe tremente abaixo e acima no braço do violino e na tarde que se evolava, uma música suave e longa e misteriosa como não sabia o quê. Evoco agora essa música e também não sei. Qualquer coisa me arrepia e suspende, sobe em mim até um limite e desce de novo e alastra como a imensidade de um mar. Depois ergue-se de novo, arranca ainda até ao impossível, quebra de novo num repouso espraiado. Música do meu abismo, ó mistério inacessível e tão perto da minha comoção. Ardem-me os olhos agora que a evoco, ao anúncio indistinto da amargura e da paz. Deve ser isso a oração, mas nunca rezei assim.(...) Sol que se levanta ou uma lua enorme e clara num céu intenso e intensamente escuro, ou um mar aberto até ao infinito de nós, qualquer coisa de plácido e majestoso..."
A mão corria-lhe tremente abaixo e acima no braço do violino e na tarde que se evolava, uma música suave e longa e misteriosa como não sabia o quê. Evoco agora essa música e também não sei. Qualquer coisa me arrepia e suspende, sobe em mim até um limite e desce de novo e alastra como a imensidade de um mar. Depois ergue-se de novo, arranca ainda até ao impossível, quebra de novo num repouso espraiado. Música do meu abismo, ó mistério inacessível e tão perto da minha comoção. Ardem-me os olhos agora que a evoco, ao anúncio indistinto da amargura e da paz. Deve ser isso a oração, mas nunca rezei assim.(...) Sol que se levanta ou uma lua enorme e clara num céu intenso e intensamente escuro, ou um mar aberto até ao infinito de nós, qualquer coisa de plácido e majestoso..."
1 comentário:
Não sei onde está o fragmento. Mas é certamente Vergílio Ferreira que escreve, que fala. Porque há nesta escrita a sua inconfundível magia. Bom Natal.
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