sábado, 15 de novembro de 2008

Com o perigo de me tornar repetitiva ...

Estou só -- estás só. Não penses. Não fales. És em ti apenas o máximo de ti. Qualquer coisa mais do que tu te assumiu e rejeitou como a árvore que se poda para cresce. Que te dá pensares-te o ramo que se suprimiu? A árvore continua para fora da tua acidentalidade suprimida. O que te distingue e oprime é o pensamento que a pedra não tem para se executar como pedra. E as estrelas, e os animais. Funda aí a tua grandeza que te excede. (...) Como queres igualar-te ao imenso e imperscrutável? O dia acaba devagar. Assume-o e aceita-o. É a palavra da aeitação. Só os loucos e os iludidos a não sabem. Não sou louco. Não são horas da ilusão. Vou fechar a varanda. Tenho de ir avisar a Deolinda. É uma tarde quente de Agosto, ainda não arrefeceu. Pensa com a grandeza que pode haver na humildade. Pensa. profundamente, serenamente. Aqui estou. Na casa grande e deserta. Para sempre.
Fontanelas, 5 de Maio de 1982

3 comentários:

Existente Instante disse...

"Para Sempre", Claro, que a Vida é sempre "Vida Suspensa"

Teresa Lobato disse...

... e fica uma nostalgia no peito, um aperto...

JMA disse...

fica... uma alegria triste.